quarta-feira, 9 de junho de 2010

The Doors




Contra os padrões musicais dos anos 60, ousada e irreverente surgiu a banda ‘The Doors’, uma banda que nem baixista tinha, misturando poesia surreal, morte, misticismo, bateria e teclados jazzísticos, guitarras flamencas e é claro, o mito Jim Morrison. James Douglas Morrison era filho do almirante George Stephen Morrison e sua mulher Clara Clark Morrison, ambos funcionários da marinha americana. Eram conservadores e rigorosos, todavia Jim acabou por tomar caminhos opostos. Morrison nasceu em 1943, na Florida e desde pequeno, gostava de ler Kafka e Nietzsche. Um acontecimento marcou sua infância: Jim estava viajando com família, quando passou por um carro acidentado na beira da estrada, vendo o espírito de um velho índio xamã que o acompanhou por toda a sua vida. Os pais negam que tal incidente ocorreu. Real ou imaginário, o incidente marcou-o profundamente, e ele fez repetidas referências a esse fato nas suas canções, poemas e entrevistas.
Depois de estudar psicologia na Florida, decidiu tentar a faculdade de cinema onde conheceu Ray Manzarek já um tecladista de formação clássica com quem Jim descobriu sua paixão por blues e jazz, e resolveu mostrar algumas de suas poesias. Impressionado, Ray convidou Morrison para uma nova banda. O nome, escolhido por Jim, veio de um verso do poeta inglês William Blake: 'Quando as portas da percepção forem abertas, o homem verá as coisas como elas realmente são: infinitas'. A dupla conheceu o baterista John Densmore em uma palestra de um guru indiano. John sentiu na dupla algo diferente, e resolveu então juntar-se aos ‘Doors’.

Fazendo uma combinação de piano, bateria e poesia, conseguem o primeiro contrato, desde que contratassem um guitarrista. Entra em cena Robbie Krieger, amigo de Densmore nas meditações transcendentais. Robbie havia sido rejeitado por várias outras bandas por seu estilo de jazz e flamenco. Mas foi justamente por isso que o fez entrar na banda. Perdem o contrato e começam a tocar pela California. Nos palcos, Jim se transformava, deixava a timidez e a fragilidade de lado para tornar-se sensual e incendiário, criando a eterna fama de sex-symbol. Logo ele, que queria ser visto como um artista sério. Passam o ano de 65 sem nada gravarem.

No final de 66, iniciam uma série de apresentações no lendário bar ‘Whisky A Go-Go’, provocando impacto na grande mídia o que levou os meninos para o estúdio, onde registraram as canções do primeiro disco. No começo de 67 sai 'The Doors' acompanhado do single 'Break On Through' que vinha com um vídeo promocional, ancestral do vídeo clipe. O primeiro disco é um clássico, umas das estréias mais importantes da história do rock'n'roll. 'Break On Though' é uma grande canção, que mostra o vigor vocal de Morrison. O disco ainda trazia, entre grandes clássicos, a poderosa 'Light My Fire' com seu teclado mágico. "The End" fecha o disco com splendor, com versos intrigantes e um arranjo épico, onze minutos de desespero e poesia.

O segundo disco sai em 67, com bela capa e um conteúdo musical ainda melhor. Com o sucesso, Morrison adotou o traje de couro característico e assumiu a identidade de ‘Lizard King’ ('Rei Lagarto'). Neste mesmo ano, em um show da banda em Connecticut, Jim se irrita com um policial que o havia empurrado, fazendo um violento discurso contra o sistema policial. A polícia se aproximou do palco e o cantor não parou com o discurso. Até que um oficial subiu no palco e foi atingido no rosto pelo microfone do vocalista. Obviamente, os outros policiais subiram e o prenderam. Jim já bebia em doses cavalares desde os primeiros ensaios dos ‘Doors’ e dizia que o álcool era um ‘hábito integrado à cultura americana’. Morrison começou a se revoltar e a ficar indignado com a idolatria do público e a megalomania dos shows. Desiludido com a platéia que pedia 'Light My Fire', foi até o microfone e, quando todos se silenciaram, recitou 'Celebration Of Lizard', agradeceu e se retirou. Apanhado se surpresa, o público deixou que ele se fosse, sem vaiar ou aplaudir.

Em 69 pouco antes do lançamento de mais um disco, havia ocorrido um célebre incidente em Miami, devido a acusação de atentado ao pudor contra Morrison. Não se sabe exatamente o que aconteceu, mas das fotos existentes daquele show, nenhuma mostra Jim se desnudando ou fazendo gestos obcenos, conforme a acusação da polícia, mas as conseqüências foram grandes: todos os shows agendados foram cancelados, e os moralistas e conservadores os criticavam. Todos os shows dos Doors eram polêmicos e acidentados. Ainda no final deste ano, Jim foi preso por bebedeira e desordem, provocando um tumulto em um vôo. Em 70, depois de muita pressão da gravadora, lançam o sensacional 'Absolutely Live', gravado no Madison Square Garden, em Nova York, os Doors estavam novamente de bem com o público e com a crítica. Nessa época, Jim queria sair do mundo da música, para se dedicar inteiramente à literatura e cinema, suas grandes paixões. Bebia ainda mais. Deixou a barba crescer e a barriga se tornar saliente, detestava a fama de sex-symbol.

Os Doors, no entanto, decidem gravar um último álbum. Um álbum de blues. 'LA Woman', lançado em 71. Continha mais alguns clássicos, como a faixa-título e a linda 'Riders On The Storm'. O último show da banda ocorre em dezembro de 70, em New Orleans onde Jim anuncia sua saída do mundo da música. Enquanto 'LA Woman' recebia ótimas críticas, Jim muda-se para Paris com sua namorada de longa data, Pamela, para se dedicar ao cinema. Em 3 de julho, o cantor é encontrado morto pela namorada na banheira de um hotel de Paris, vítima de um ataque cardíaco fulminante. A morte não foi divulgada imediatamente, e sim só no dia 9 de julho, para evitar uma cerimônia circense no sepultamento, como havia ocorrido com Janis Joplin e Jimi Hendrix.

Cada vez mais são levantadas suspeitas sobre se Jim Morrison realmente faleceu. Não se sabe, por exemplo, por que as autoridades americanas e francesas não tinham registro de sua presença na França naquele momento. Se eles tinham uma casa alugada, por que estavam num hotel? Por que Pamela nunca falou no assunto? Por que não foi feita autópsia, usual em casos como esse na França? Por que os integrantes da banda não puderam ver o corpo? John inclusive afirmou que o caixão era pequeno demais para o corpo de Jim. Depois da morte de Jim, os Doors gravaram mais dois discos de estúdio, os anêmicos 'Others Voices' e 'Full Circle'. Em 1991, foi lançado o filme 'The Doors', com direção de Oliver Stone, com Val Kilmer vivendo o lendário vocalista. O ótimo filme mostrou os ‘Doors’ às novas gerações, aumentando ainda mais o culto. A magia permanece eterna.




[revista musical]

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